CORVOS MARINHOS INVADEM RIBEIRA DE PERA EM CASTANHEIRA DE PERA
AVES NA PRAIA DAS ROCAS
Desde meados de Outubro, pouco depois do fecho oficial da Praia das Rocas em Setembro de 2008; os ‘turistas’ em Castanheira de Pera afluíram de outra forma para visitar a ‘Praia com Ondas a 80 Km do Mar’: - A Praia das Rocas!
- Chegavam as Aves migratórias, como as Garças Reais e os Corvos Marinhos de Faces Brancas.
Nada de anormal até aqui. Até porque nos anos anteriores as Garças Reais (Ardea cinerea) eram acompanhadas das Garças Brancas (Casmerodius albus) que teem sido avistadas ocasionalmente e pelos Corvos Marinhos de Faces Brancas (Phalacrocorax carbo) de água doce, que vindos do Norte da Europa ficavam por estas paragens em numero reduzido. Dos três indivíduos avistados e fotografados por nós no primeiro ano,2004; até cerca de meia dúzia no Outono e Inverno do ano de 2007/2008, eis que o numero começou a aumentar de forma repentina desde Outubro de 2008, com a chegada dos seis primeiros, até serem avistados e registados, pouco depois, cerca de três dezenas de Aves desta espécie.
FICHA TÈCNICA
A situação até foi motivo de maior ‘corrida’ à Praia das Rocas, para se avistarem e fotografarem estas Aves de cor preta, com as asas de um castanho dourado escuro, um longo pescoço, um bico cuja ponta é curva, com membranas interdigitais que lhes permitem mergulhar em busca de peixe, o Corvo Marinho de Faces Brancas (Phalacrocorax carbo) de água doce tem uma aparência “primitiva”, pertencendo á ordem dos Pelecaniformes.
Sendo a sua a alimentação base o peixe, estes consomem cerca de 700 a 800 gramas diariamente, havendo alguns indivíduos que podem mesmo ingerir o seu peso em peixe.
Com aproximadamente 90 cm de comprimento e 140 cm de envergadura, distnguindo-se fácilmente a sua silhueta de voo em forma de cruz.
È uma Ave que vem das águas doces do Norte da Europa, com especial incidência para a Holanda e Alemanha, onde teem causado grandes problemas na piscicultura e aquacultura, nidificando precisamente a Norte da Europa, viajando depois para Sul durante a época mais fria. É avistado com frequência em toda a orla marítima portuguesa e nos rios, lagos e albufeiras do interior do País, onde o peixe abunda.
Nidificam frequentemente em colónias mistas com a Garça Real (Ardea cinerea), sendo em Maio a época de reprodução e o numero de ovos é em geral de 4 a 5 de uma cor azul clara, sendo de cerca de 25 dias o período de incubação que é feito pelo casal.
Ao mergulharem para apanhar o peixe, ao contrário de outras aves nadadoras, ficam molhados até á pele e é por esta razão que só o fazem para satisfazer a fome. Depois de mergulhar repousa durante um longo período de tempo com as asas abertas, sacudindo-as para as secarem ao vento. Percorrem longas distâncias em busca de alimento.
CURIOSIDADES
O Corvo Marinho de Face Branca (Phalacrocorax carbo) pode ainda ser utilizado na pesca, sendo que na Àsia Oriental esta forma de pesca é utilizado para fins turísticos. As Aves são colocadas no barco em cima de longas cordas, sendo-lhes colocadas uma argola, ou aro; apertada no pescoço de modo a que não possam engulir o peixe apanhado. Este tipo de pesca é realizado com o pescador a sair durante a noite, atraindo o peixe ao barco com a luz dos archotes, sendo então apanhados pelos Corvos. Com o finalizar da noite de pesca retiram as argolas ás Aves que podem então pescar para saciar a sua fome.
A Macedónia é um dos Paises onde este tipo de pesca ainda é efectuado.
Esta ave é ainda hoje vista por alguns povos como ‘aves sinistras’ devido ao seu aspecto. Calcula-se que o aumento populacional desta espécie protegida na U. E., faça desaparecer cerca de 300 mil toneladas de peixe anualmente no território da “União Europeia”.
Por muitos confundidos com patos, uma observação atenta mostra claramente as diferenças existentes:
- Desde as asas, ao formato do bico até ao ‘modelo’ de voo, ondeado; um observador atento pode verificar de forma fácil as diferenças.
ATRACÇÂO “TURISTICA” PODE SER PREJUDICIAL
Embora todos gostem de ver estas Aves, poucos são os que se apercebem do que poderá acontecer com a presença das mesmas, se forem um bando considerado ‘grande’ para a zona em que estão a passar este período, até de novo voltarem ao local de nidificação, ou seja, aos países do norte da Europa, o que acontecerá durante o mês de Abrl.
Em Castanheira de Pera, também os pescadores desportivos e algumas outras pessoas, teem manifestado a sua preocupação para com o numero de aves existente este ano na Praia das Rocas, visto que podem “fazer desaparecer uma grande parte de peixe”.
(Não esqueçamos que nas águas da Ribeira de Pera existem espécies como a Truta e o Bordalo).
DADO O PRIMEIRO PASSO PARA UMA POSSIVEL SOLUÇÃO
Cientes desta preocupação, a Associação de Pescadores Desportivos da Ribeira de Pera, sediada em Castanheira de Pera, na pessoa do seu presidente, Paulo Pereira; recorreu a algumas Instituições, como A DGRF (Direcção Geral dos Recursos Florestais – Lousã), ao mesmo tempo que dava conhecimento à Câmara Municipal do mesmo assunto. No entanto sabendo que seriam necessários alguns “aliados” para se tratar deste problema com a cautela que merece, no sentido de acalmar os sentimentos mais ‘excitados’ de alguns pescadores, recorreu à ajuda de um amigo, cujo gosto pelos animais em geral e pelas Aves e sua observação em particular; poderia ser um suporte importante.
Dessa forma, outras Instituições,Técnicos e Investigadores em particular, foram contactados, como é o exemplo do ICNB (Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade, na Lousã), na pessoa da Dr. Silvia e da UC (Universidade de Coimbra) na pessoa do Dr. Jaime Albino Ramos, Biólogo e investigador.
Sempre na tentaviva de se arranjar uma solução que se adaptasse a este local especifico, de forma a que, sem se maltratarem as aves, as fizessem abandonar o local.
Sabendo que as mesmas, este período; chegaram a Portugal em maior numero muito provavelmente devido ao frio intenso que se vem fazendo sentir a norte da Europa, nalguns casos com o congelamento de alguns cursos de água; os Corvos Marinhos são animais que se alimentam de crustáceos e peixe, sendo que o peixe é sempre o ‘petisco’ mais apreciado, podendo ingerir cerca de 700 a 800 gramas diariamente, apanhando-o num mergulho a partir da superfície, que pode atingir os 9 metros de profundidade.
Sendo uma espécie protegida a nível Europeu, a sua população tem vindo a aumentar cosiderávelmente, o que tem provocado estragos na piscicultura e aquacultura criando alguns conflitos com comunidades piscatórias, em especial nos Países do Norte da Europa.
Aconselhados a tentar uma solução eficaz, Paulo Pereira da Associação de Pescadores de Castanheira de Pera, esteve reunido com a Eng. Sandra da DGRF-Lousã na passada sexta feira, 16 de Janeiro; que na Praia das Rocas verificou localmente da gravidade da situação, disponibolizando-se de imediato para ajudar numa possível solução que passaria por se colocar ‘canhões’ que emitem sons idênticos a disparos, para afugentar as aves, ‘canhões’ esses que seriam cedidos pela DGRF. Um conselho também dado pelo Dr. Jaime Albino Ramos.
E foi no sábado, dia 17; com o sol a brilhar durante todo o dia; que esses mesmos ‘canhões’ (2) fizeram a sua primeira tentativa de espantar os Corvos Marinhos. Pelas dez da manhã, Paulo Pereira e Domingos Diniz da Associação de Pescadores Desportivos da Ribeira de Pera, colocaram sómente um dos ‘canhões’ na Praia das Rocas, no passadiço que divide a zona das ondas da zona não vigiada, fazendo oitos ‘dispararos’ até cerca das 12H45. As aves assustadas com o som produzido, levantaram voo e dividiram-se em dois grupos distintos, sendo que um grupo assustado de tal maneira saiu da zona ao quarto ‘disparo’. O grupo restante, cerca de onze aves, fugiu pouco depois, ao sétimo ‘disparo’. Foi ainda feito um último ‘disparo’ para tentar afugentar um pequeno grupo de quatro aves que persistiram em voar de um lado para o outro atrevendo-se a descer na água na tentativa de mergulhar e apanhar mais algum peixe.
Felizmente durante a tarde de sábado, foram somente avistados numa primeira observação quatro e numa segunda dois Corvos Marinhos. Até cerca das 17H00, não foram avistados mais nenhum, deixando satisfeitos os respresentantes da Associação de Pescadores e os particulares envolvidos.
Na manhã de Domingos, dia 18; com o céu bastante nublado e com a chuva a cair de forma persistente durante todo o dia, foram avistados na Praia 19 Aves. Cerca das 11H40 foi feito um ‘disparo’ que as fez dispersar. Pelas 12H30, uma hora depois; foi ainda feito o 2º e último ‘disparo’ afugentando as 4 aves que persistiam em ficar na Praia das Rocas. Durante a tarde, estas aves foram avistadas mais a norte, na zona do antigo Poço Borralheiro.
Esta foi apenas uma primeira tentativa para afugentar os Corvos Marinhos, que nesta primeira experiência surtiu efeito. Só o decorrer dos dias dirá se será ou não eficaz, não desejando ninguém ainda “proclamar vitória” como resultado final, até porque as Aves poderão voltar de novo até à sua partida para as águas do Norte da Europa, o que acontecerá em Abril próximo.
Estão de parabéns todos os envolvidos nesta provável solução que preservará todas as Aves envolvidas, afugentando-as somente da Praia das Rocas, contribuindo assim para que os peixes continuem a proliferar nesta parte da Ribeira de Pera e concedendo ainda muitos mais bons e excitantes momentos de prazer aos Pescadores Desportivos de Castanheira de Pera e aos que visitam este pequeno Concelho do interior.
(continuaremos a dar noticias deste caso sempre que existirem novas alterações)
Texto e Fotos:
Filipe Lopo